quinta-feira, 13 de abril de 2017

Delações da Odebrecht: Codinome de Beto Richa (PSDB) era 'piloto'

Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior disse que quatro doações para campanhas do governador do Paraná foram por meio de caixa dois.


Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura citou em seu acordo de delação quatro repasses não declarados à Justiça Eleitoral para campanhas eleitorais de Beto Richa (PSDB). Segundo o colaborador, o codinome usado para se referir ao governador do Paraná foi "piloto", em três doações.

Benedicto prestou depoimento em dezembro de 2016. Aos procuradores, o delator deu detalhes sobre os valores doados, as negociações com tesoureiros de campanha e também sobre as intenções da empresa com doações para políticos.

Em um dos trechos, ele diz que, em 2014, um executivo da Odebrecht no Paraná foi procurado pelo comitê de reeleição de Richa, pedindo a doação. No vídeo do depoimento, o ex-executivo detalha os pagamentos.

“Esses pagamentos foram encaixados, foram planejados e executados dentro do nosso sistema "Drousys", estruturado pelo setor de operações estruturais da Odebrecht. A gente adotou um codinome "piloto" para esse pagamento, como uma menção ao doutor Beto Richa. E os pagamentos foram executados nas datas 09/09/14, R$ 500 mil, 18/09/14 R$ 1 milhão e 25/09/14 R$ 1 milhão”.

Ainda de acordo com o delator, foram realizados três pagamentos. “Foram autorizados R$ 4 milhões e foram realizados R$ 2,5 milhões”, explicou. O delator contou, ainda, que há comprovantes desses pagamentos.

O Setor de Operações Estruturadas era o departamento usado pela empresa para operar o repasse de quantias de propina a políticos e funcionários públicos.

Durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, foi apreendida a chamada planilha da Odebrecht, onde constavam vários apelidos, nomes de políticos e de partidos. A lista estava na casa Benedicto.

O ex-executivo da Odebrecht diz que o repasse teve relação com o projeto de duplicação da PR-323, no noroeste do Paraná. A obra seria feita por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). O consórcio era liderado pela Odebrecht, mas a duplicação não foi feita. No depoimento, Benedicto Júnior cita outro número ao falar da rodovia.

“Nós não tínhamos uma obra especificamente, nós optamos em fazer uma locação de um projeto que tinha sido contratado mas não tinha sido começado (sic), que era uma rodovia, a PR-223 (sic)”, disse.

Aos procuradores, Benedicto diz que o projeto não andou e que aguarda financiamento até hoje.

Essa não foi a primeira doação da Odebrecht para campanhas de Beto Richa, segundo o delator. Em outro depoimento, o ex-executivo da empresa disse que, em 2008, foram repassados R$ 100 mil para a campanha de Richa à prefeitura de Curitiba.

“Porque era uma pessoa importante no cenário político do Paraná, e tinha chances reais de ganhar e nós fizemos essa doação de R$ 100 mil, em dinheiro de caixa dois, através do setor de operações estruturadas da Odebrecht”, detalhou.

Aos procuradores, Benedicto explicou porque a Odebrecht concordou em fazer a doação.

“O doutor Beto Richa era um expoente do PSDB, um jovem. Então a gente tinha uma avaliação de que ele poderia crescer no cenário político do Paraná”, contou.

Trâmite:

O caso envolvendo o governador do Paraná foi encaminhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgão ao qual compete o julgamento de casos envolvendo governadores.

O outro lado:

A assessoria do governador Beto Richa informou que assuntos ligados a campanhas eleitorais devem ser tratados com os tesoureiros.

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Reportagem extraída em parte: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/delacoes-da-odebrecht-codinome-de-beto-richa-psdb-era-piloto-segundo-ex-executivo.ghtml