quinta-feira, 13 de abril de 2017

Ex-ministra diz ter sido pressionada por Serraglio a preservar chefe de quadrilha da Carne Fraca


Kátia Abreu afirmou que ministro da Justiça, deputado à época, agiu junto a Sérgio Souza para evitar que Daniel Gonçalves Filho fosse afastado da pasta. Petistas ingressam com representações contra Serraglio na PGR e no Conselho de Ética da Presidência da República.


A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em discurso feito em plenário nesta tarde (terça, 21), afirmou que dois deputados peemedebistas da bancada do Paraná a pressionaram, à época que ocupava o cargo de ministra da Agricultura, para que o superintendente da pasta no estado, Daniel Gonçalves Filho, apresentado pela Polícia Federal como o líder da organização criminosa investigada pela Operação Carne Fraca, fosse mantido na posição. Apesar de não ter mencionado no discurso o nome do então deputado Osmar Serraglio, hoje ministro da Justiça, a senadora publicou em perfil oficial do Twitter uma matéria intitulada “Serraglio era protetor do fiscal da ‘Carne Fraca’” ontem (segunda, 20).

Ainda de acordo com Kátia Abreu, ela “insistiu” com os dois parlamentares responsáveis pela indicação para que outra pessoa fosse nomeada. Entretanto, diante da “insistência”, acabou cedendo aos pedidos de José Souza e Osmar Serraglio. “Esse cidadão que foi nomeado tinha processos administrativos no Ministério. E eu nunca vi, em todo o período em que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá”.

“Eu espero que essas pessoas, que esses Parlamentares estejam com a sua consciência bastante pesada, porque não foi por falta de argumentação”, enfatizou a senadora.

A senadora enfatizou que precisou ligar para a então presidente da República, Dilma Rousseff, para alertá-la sobre as pressões que disse estar sofrendo: “Dois deputados do meu partido insistiram para que a lei não fosse cumprida ao ponto de eu ter que ligar para a presidente Dilma e lhe dizer a minha decisão de demitir e com que consequências políticas eu ia arcar. Ela imediatamente disse: ‘Demita já! Faça o que tem que ser feito.’ Mas foram dias de pressão no ministério, buscando processo para defender esse marginal”.

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Petistas pedem investigação contra Serraglio
Ainda na tarde desta terça-feira (21/03), os petistas Afonso Florence (PT-BA) e Rombinson Almeida (PT-BA) decidiram entrar com representação na Procuradoria-Geral da República contra Osmar Serraglio. No pedido, os parlamentares alegam que ele interferiu na conduta de um agente público e afirmam que o caso precisa ser investigado.
Além da representação na PGR, os deputados protocolaram uma representação na Comissão de Ética da Presidência da República, no qual pedem o afastamento do ministro do cargo, “dada a incompatibilidade de suas ações com a moralidade e probidade administrativa”.
Serraglio é citado nas investigações. A Polícia Federal não apontou ilegalidade na conduta do ministro, que teve interceptada uma conversa telefônica com o superintendente do Ministério da Agricultura do Paraná de 2007 a 2016, Daniel Gonçalves Filho, que seria o líder da organização criminosa. Na prestação de contas do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) à Justiça Eleitora, em 2014, consta uma doação oficial de R$ 200 mil da JBS, por intermédio do Diretório Nacional do PMDB.

Extraído na íntegra de: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/ex-ministra-diz-ter-sido-pressionada-por-serraglio-a-preservar-chefe-de-quadrilha-da-carne-fraca/Congresso em foco